Chiquinha Bernardino era considerada a pessoa mais alegre e que mais brilhava em Córrego de São Mateus.
Francisca Henrique da Silva era mais conhecida por Chiquinha Bernardino e não teve uma infância das melhores no que diz respeito a boas condições de vida. Era filha de uma família pobre que viveu em tempos difíceis enfrentando a seca, a escassez de comida e os duros trabalhos do roçado.
Mesmo vivendo uma vida tão sofrida Chiquinha nunca deixou de se divertir e ser feliz. Certa vez ela relembrava do passado assim:
"Quando eu não ia com pai pra o roçado eu ficava em casa tomando conta dos meus irmãos... Era bom porque o serviço era menos mais quando eu ia pra o roçado aí a coisa era mais pesada... Era o dia todinho debaixo do sol quente... Mas eu nunca deixei de ir para um boi de reis, um João redondo, um pastoril... Fui pra muitos e aprendi o que foi de música nesses cantos."
Como gostava muito de diversão Chiquinha se enfeitava toda. Gostava de vestido estampado, de colares, brincos, pulseiras e anéis. Ninguém via Chiquinha Bernardino sem um adereço brilhoso. Era a primeira a chegar no clube e a última a sair. Ao sair de casa passava pelas ruas se requebrando e no clube dançava sem parar. Adorava quando as luzes refletiam em seus adereços.
Chiquinha Bernardino era um exemplo de uma pessoa que foi feliz na dificuldade, aproveitou a vida o quanto pode e brilhou mais do que todas as mulheres de Córrego de São Mateus.
Chiquinha nasceu em 17 de março de 1934, causou-se com Manoel Bernardino com quem teve 19 filhos. Dos 19, apenas três sobreviveram: Chico, Maria e Marilene que lhe deram 25 netos e 8 bisnetos. Chiquinha faleceu nesta segunda, 13 de setembro, aos 87 anos.