NOSSA HISTÓRIA - O Distrito de Córrego de São Mateus

O Distrito de Córrego de São Mateus

Grupo Escolar Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
"O território do município está dividido em dois distritos: o da sede e o de Córrego de São Mateus. Documento do Cartório de São José de Mipibu, datado de 08/03/1867, faz referências ao território onde, atualmente, está situado o Distrito de Córrego de São Mateus, no município de Boa Saúde. Trata-se do inventário de Sancha Ferreira da Silva, residente em São José de Mipibu, que deixou como parte de seus bens para o seu esposo, o Tenente Manoel Timotheo Ferreira Lustoza, uma parte de terra “na data de San Matheos no Corrego”.

A referência mais remota sobre os primeiros moradores do território onde está situado o povoado de Córrego de São Mateus, data de 12/03/1877. Trata-se do casal Leandro Francisco da Silva e Josefa Leandro da Silva, que tiveram os seguintes filhos: Nicácia, casada com Florêncio da Costa; Mariana, casada com Bernardino Jorge de Lima; Joanna, casada com Manoel Benedicto da Silva; Cândido Chavier, solteiro, com 21 anos; Martinha, casada com Manoel Valentim da Hora; João, com 13 anos; Maria, com 11 anos; Apolônia, com 10 anos e, Eugênia, com 9 anos de idade. Falecido em 1877, Leandro Francisco da Silva deixou como herança para a viúva e seus descendentes, entre outros bens imóveis, uma parte de terra com casa de morada e casa de farinha, em Córrego de São Mateus.

Outra família das mais antigas de Córrego de São Mateus, da qual se tem conhecimento, é a de João Bernardo da Silva que, tendo falecido em 1895, deixou duas partes de terras, na “data de San Matheus”, para a viúva, Francisca Bernarda da Silva, e para os filhos: Manoel Bernardo da Silva com 65 anos, residente em Monte Alegre; Ignácio Bernardo da Silva, com 64 anos, casado com Sebastiana Bernarda Ferreira, residentes no Córrego de São Mateus; Martha Bernarda da Silva, com 63 anos, casada com Vicente Ignácio, residentes em Córrego de São Mateus; Mathilde Bernarda da Silva, falecida e cuja herança coube aos filhos ( Maria Bernarda da Silva, José Padre da Silva, Ivo Bernardo da Silva, Maria Anunciada da Silva, Zulmira Bernarda da Silva e Maria Emília da Silva) e Cândida Bernarda da Silva, também falecida, deixando a sua herança para os filhos: Maria Cândida da Silva, José Bernardo da Silva, Maria Bernardo da Silva e Josefa Cândido da Silva. O requerimento do referido inventário, datado de 08/09/1924, foi assinado a rogo por José Padre, uma vez que a inventariada era declarada analfabeta. Quanto aos bens, conforme documento do Cartório de São José de Mipibu, trata-se de duas partes de terra, uma “...adquirida por compra de escritura particular, a Antonia Maria de Jesus, viúva de Pedro do Amor Divino, sendo terras de arisco e caatinga, com direito até o fim da data de S. Matheus, neste Município...” e, a outra localizada anexa à primeira, também “...foi adquida por compra de escritura particular a Francisco José da Silva e sua mulher Ignácia Maria da Silva...”

Outra referência aos moradores mais antigos do Distrito de Córrego de São Mateus, datada de 30/09/1914, encontramos no inventário de Maria Emília Ferreira, casada com José Ferreira da Silva, que residiram na localidade de Logrador do Juba. Como filhos do casal foram citados: Josefa , com 16 anos; Maria, com 15; Joaquim, com 14; Augusto, com 9; José, com 8 e, Francisco, com 4 anos de idade. 

Entre os habitantes mais antigos do Córrego de São Mateus, de que se tem notícias, estão os Inácio: João, Joaquim, Rita, Balbina e Percila. A Primeira casa existente, onde hoje está situado o povoado, foi construída pelo Senhor Joaquim Inácio, que tinha seis filhos: Luiz Inácio, José Inácio, Luíza Inácio (casados) e mais três mulheres, que permaneceram solteiras e cujos nomes são ignorados. Dizem os moradores mais antigos que as mesmas eram conhecidas como as moças da casa grande, denominação atribuída à residência do Senhor Joaquim Inácio. No início, o povoado era conhecido como Córrego dos Inácios.

Outras famílias que deram origem ao povoado de Córrego de São Mateus foram:

Família Vicente: O casal José Vicente da Silva e Joaquina Vicente da Silva teve os seguintes filhos: Manoel Vicente da Silva, João Vicente da Silva, Joaquim Vicente da Silva, José Vicente da Silva, Maria Vicente da Silva e Francisca Vicente da Silva;

Família Ramos: Do casal Antônio Ramos e Maria Ramos, conhecida como Maroquinha, nasceram: Augusto Ramos, Antônio Ramos, Rita Ramos, Luíza Ramos, Ana Ramos e Nazinha Ramos;

Família Gomes: O Senhor Manoel Gomes da Silva, conhecido como Manoel Padre, casado com a Senhora Filomena Gomes da Silva, teve os seguintes filhos: Manoel Gomes da Silva, Genésio Gomes da Silva, Joaquim Gomes da Silva, Enedina Gomes da Silva e Adília Gomes da Silva.

Família Oliveira: O casal Luiz Francisco de Oliveira e Luíza Rodrigues de Oliveira teve os seguintes filhos: Josefa Rodrigues de Oliveira, José Francisco de Oliveira, Ceci Rodrigues de Oliveira, Maria de Lourdes Rodrigues de Oliveira, Leide Rodrigues de Oliveira, Teresinha Rodrigues de Oliveira e Oliete Rodrigues de Oliveira.

Até o início da década de 1940, as famílias de Córrego de São Mateus tinham suas casas dispersas. A partir de então, foi que começaram a construir suas residências, se preocupando com a formação do arruado. O Senhor Robério Xavier do Nascimento, casado com a Senhora Josefa de Oliveira Xavier, filha do Senhor Luiz Francisco, foi quem primeiro construiu com esta preocupação. Por iniciativa dele, também foi construída a primeira capela, dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, logo depois da Segunda Guerra Mundial. Convocado para servir na força de guerra, não chegou a embarcar por motivo do término do conflito. Como havia pedido a proteção da santa, em agradecimento, construiu a capela.

O povoado tem outra capela, dedicada a São Mateus, construída no ano de 1968 e que foi motivo de uma certa divisão entre os católicos do lugar,. durante determinado tempo.

Outra construção que contou com a iniciativa do Senhor Robério foi o primeiro mercado de Córrego de São Mateus, em 1946, quando a partir daí o povoado passou a contar com uma feira semanal, aos domingos , que não existe mais.

A primeira escola do povoado funcionou em um prédio cedido pelo Senhor Luiz Francisco de Oliveira, tendo como professora do Município de São José de Mipibu a Senhora Josefa de Oliveira Xavier que, uma vez criada a Escola Isolada de Córrego de São Mateus, foi nomeada a primeira professora estadual e, depois, a primeira diretora da referida escola. A senhora Josefa de Oliveira Xavier foi, também, a primeira professora que lecionou o curso primário completo no município, tendo inclusive alunos que se deslocavam de Boa Saúde para estudar em Córrego de São Mateus.

O cemitério de Córrego de São Mateus foi construído por iniciativa do Senhor Luiz Francisco de Oliveira, em 1956, quando o Senhor Manoel Teixeira de Souza era Prefeito do Município de Januário Cicco. O terreno para a referida construção foi doado pelo Senhor Antônio Januário. A primeira Zeladora do Cemitério, nomeada pela Prefeitura Municipal de Januário Cicco, foi a Senhora Odete de Oliveira Xavier. 

O Senhor Luiz Francisco de Oliveira foi proprietário de um caminhão misto que fazia a “linha” de Januário Cicco a Natal, na segunda metade da década de 1950 e na década de 1960. Os principais produtos transportados e comercializados em Natal, naquela época, eram a goma e a farinha de mandioca. Existiam no povoado três casas de farinha, que pertenciam a Joaquim Inácio, Luiz Francisco e Robério Xavier. Atualmente, o número de casas de farinha aumentou para sete.

A produção de tijolos e telhas era localizada em Timbaúba, tendo como principal responsável o Senhor Manoel Francisco Oliveira. Atualmente, o principal produtor é o Senhor José Otacílio do Nascimento.

O artesanato de Córrego de São Mateus era representado:
- Pelas vasilhas de barro: jarras, potes, panelas, alguidás, cacos de torrar café, etc., produzidas por Dona Salvina;
- Pelos artigos feitos a partir da palha de carnaúba: chapéus, esteiras, sacas, vassouras, produzidos por Alice Cassimiro e Maria Vicente;
- Pelas cordas de sisal e produtos de chifre, feitos por Seu Vicente Xixiu,;
- Pelos trabalhos de labirinto, feitos por Dona Maria Vicente.

Os folguedos populares que animavam as noites da população de Córrego de São Mateus eram: O boi-de–rei de mestre Manoel Pereira e o João Redondo de Manoel Luiz. 

O povoado de Córrego de São Mateus foi elevado à categoria de Distrito através do Decreto Nº 2.929, de 24/09/1963, publicado no Diário Oficial do Estado do Rio Grande do Norte, datado de 25 de setembro do mesmo ano.

A população do distrito, em 1980, de acordo com o censo realizado pelo IBGE, era de 1.478 habitantes, sendo 766 homens e 712 mulheres. Em 1991, a população total de Córrego de São Mateus passou a ser 1.403 pessoas, das quais 713 homens e 690 mulheres. 

O Distrito de Córrego de São Mateus já participou dos poderes legislativo e executivo do Município de Januário Cicco, atual Boa Saúde, através dos seguintes representantes:

  • José Francisco de Oliveira, Vice-Prefeito, no período de 1955 a 1960;
  • Terezinha de Oliveira Silva, Vice-Prefeita, no período de 1973 a 1977 e Vereadora, nos períodos de: 1976 a 1971 e 1989 a 1992;
  • Vivaldo Gomes Brandão, Prefeito, no período de 1983 a 1988 e Vereador, nos períodos de: de 1967 a 1971, de 1971 a 1973 e de 1973 a 1977.
  • Robério Xavier do Nascimento, Vereador, no período de 1955 a 1960;
  • Otacílio Xavier do Nascimento, Vereador, nos períodos de 1963 a 1967 e de 1967 a 1971;
  • João Antônio de Mesquita, Vice-Prefeito, no período de 1993 a 1997;
  • José Averaldo Cabral, Vereador, nos períodos: 1983 a 1989, de 1989 a 1992, de 1992 a 1997 e de 1997 a 200l; 
  • José Otacílio do Nascimento, Vereador, nos períodos de 1989 a 1992 e de 1992 a 1997.


O Distrito de Córrego de São Mateus é ligado à sede do município e aos vizinhos municípios de Lagoa Salgada, Vera Cruz e Lagoa de Pedras, através de estrada asfaltada, sendo servido, diariamente, por ônibus da Empresa Rio-grandense, para Boa Saúde e Natal. Conta com Posto Telefônico e telefones comunitários da TELEMAR, água da Adutora Monsenhor Expedito e energia de Paulo Afonso".

Página 171

O texto foi extraído do livro Boa Saúde: Origem e história escrito por José Alai e Maria de Deus. Algumas imagens são dos blogs que José Alai mantinha. O objetivo dessa postagem é tão somente conservar nossa história.

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