A Culinária de Boa Saúde
Nos dias atuais, a caça e a pesca pouco contribuem para a alimentação da população. De um modo geral, grande parte dos alimentos mais consumidos em Boa Saúde ainda são originários da sua produção agrícola, da sua pecuária e da criação doméstica de aves. A base da alimentação da maioria da população é o feijão branco ou macaçá e a farinha de mandioca.
As formas de preparo dos alimentos não diferem muito das demais regiões do Estado. As carnes, geralmente, são preferidas torradas ou guisadas, sendo que a carne de sol é consumida assada na brasa, sob a forma de paçoca ou, ainda, cozida no feijão. Os principais pratos típicos preparados à base de carnes são: buchada de carneiro, picado (sarapatel), feito de vísceras de carneiro ou de porco, panelada, feita de mão-de-vaca ou outra carne bovina com osso. Os temperos usados são: pimenta do reino em pó, alho, cebola, colorau, vinagre, sal e cheiro verde (coentro e cebolinha).
Dependendo de determinadas datas e ocasiões, são preferidos alguns tipos de pratos:
- Na sexta-feira da paixão, o almoço é preparado à base de peixes, que são cozidos no leite de coco ou fritos, tendo como principais complementos pirão e arroz no coco.
- Pelo Natal, Ano Novo e por ocasião das festas de casamento, galinhas e perus são preparados sob as formas de assado e de guisado ou torrado. Os perus são “cevados” (alimentados) com antecedência, recebendo alimentação pelo bico, de maneira quase forçada até engordar.
- Após o parto, uma dieta muito usada era galinha “de chiqueiro” ou “capão” torrados, servidos com pirão.
- Durante os festejos juninos, faz parte das tradições o consumo de milho verde assado, cozido na palha ou ainda nas formas de bolos, pamonha e canjica, pratos que têm como um dos principais ingredientes o leite de coco. Fora da época junina, o milho é usado para fazer cuscuz, canjicão e mungunzá. Na região Agreste, a pamonha e o mungunzá são adoçados, enquanto em outras regiões, principalmente no Sertão, são salgados.
No passado, o beneficiamento do milho era feito em casa. Para fazer o cuscuz, o milho era colocado de molho na água e depois utilizava-se o moinho e a peneira para produzir a massa. Já o milho para o mungunzá era colocado no pilão, para “tirar o olho e a pele”. Para os grãos ficarem inteiros, colocava-se, juntamente com o milho no pilão, bucha de coco, na falta de palha de arroz.
O leite de gado, além do seu consumo depois de fervido, ou sob as formas de coalhada, mingaus para as crianças e papas para os mais idosos, é usado no preparo do arroz de leite, cuscuz, mungunzá e outros pratos, além da fabricação de queijos de manteiga e de coalho. Da nata do leite produz-se um tipo de manteiga, conhecida como de garrafa ou do sertão. O leite de cabra era muito usado para a fabricação de queijo de coalho. Acreditava-se que depois de iniciada a fabricação do queijo de manteiga, não podia chegar nenhuma pessoa estranha, pois a presença desta era o suficiente para colocar em risco a qualidade do produto. Faz parte da culinária da região uma variedade de alimentos provenientes do beneficiamento da mandioca. Além da farinha, que é consumida de várias maneiras, da goma produz-se: “grude”, beiju de forno, beiju seco, tapioca, “raiva” e sequilho. Da carimã ou mandioca mole, produz-se o bolo preto, ou “pé-de-moleque”, e outros tipos de bolos".
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O texto foi extraído do livro Boa Saúde: Origem e história escrito por José Alai e Maria de Deus. Algumas imagens são dos blogs que José Alai mantinha. O objetivo dessa postagem é tão somente conservar nossa história.