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Boa Saúde, 68 anos e algumas histórias pra contar

Boa Saúde, 68 anos e algumas histórias pra contar

Hoje nossa cidade está completando mais um ano de emancipação política. Nada melhor do que um pouquinho de história para que venhamos a valorizar ainda mais o lugar em que vivemos.

ORIGEM DO POVOADO
O livro Boa Saúde, Origem e História, de José Alai e Maria de Deus, filhos de Boa Saúde... Dá conta de que em meados do século XIX, o sertão paraibano passou por uma grande seca. Daí uma família de dez irmãos retirou-se de lá pendendo pra as bandas do Rio Grande. Sua retirada findou na Data do Lerdo, que pertencia a Vila de São José do Rio Grande, que hoje é São José de Mipibu.

Chegando aqui se arrancharam as margens do Rio Trairi, que não tinha tanta água, mas tinha água. Foram chamados então de Os Cachoeiras.

ORIGEM DO NOME BOA SAÚDE
Trata a tradição e alguns documentos antigos ajudam a sustentar... Que um dos Cachoeiras quando esteve doente, passou a banhar-se no Poço da Pedra Grande. Nesse poço tinha muito muçambê, uma planta medicinal. O caba ficou bom e agradeceu a Nossa Senhora da Saúde a graça recebida.

Em uma de suas romarias para o Juazeiro um padre questionou sobre o nome do povoado que se chamava Lerdo e sugeriu que colocassem um nome que expressasse religiosidade e prosperidade. O romeiro, que era devoto de Nossa Senhora da Saúde, trouxe no matulão uma imagem da santa e a família construiu uma capela tornando Nossa Senhora da Saúde, padroeira do povoado. E a partir daqueles dias o povoado passou a chamar-se Boa Saúde e não mais Lerdo.

O NOME JANUÁRIO CICCO
Aí foi onde o bicho pegou... Na década de 50, só haviam dois partidos políticos em Boa Saúde: O PSD e a UDN... O PSD era o partido com maior representatividade... Para que houvesse a emancipação o Deputado João Frederico Aboutt Galvão, que era da UDN, deveria votar a favor o que não aconteceu de início.

Como Aboutt Galvão não votou Boa Saúde não passou a ser cidade. Porém os distritos de Serra Caiada e Monte Alegre tornaram-se cidades e Boa Saúde foi dividida em duas partes. Diante disso as autoridades políticas de Boa Saúde procuraram o Deputado Aboutt Galvão que concordou em votar a favor da emancipação se o novo município fosse chamado de Januário Cicco em homenagem ao ilustre, amigo e médico Dr. Januário Cicco.,

No dia 11 de dezembro de 1953, o povo se reuniu para comemorar o nascimento da nova cidade e aconteceu uma grande surpresa... Foi anunciado um novo nome para Boa Saúde... Januário Cicco não agradou o povo e os fogos foram apenas estouros e não expressaram alegria nenhuma.

No dia 02 de fevereiro de 1991, a Câmara de Vereadores aprovou a Emenda que alterou o nome de Januário Cicco para Boa Saúde.

Nosso blog publicou todo o livro (com autorização do autor) com muitas fotos. Vale a pena conferir. Clique AQUI.
Córrego de São Mateus, 58 anos

Córrego de São Mateus, 58 anos

No dia 25 de setembro de 1963, estava publicado no Diário Oficial do Rio Grande do Norte o Decreto Nº 2.929, de 24/09/1963, que elevava o povoado de Córrego de São Mateus à categoria de distrito do município de Boa Saúde.

Na época haviam pouquíssimas casas mas que abrigavam um povo alegre, festeiro e cheio de aconchego pra dar. Essa hospitalidade é uma das características da nossa comunidade pois quem passa por aqui sai com desejo de voltar.

Atualmente o Córrego conta com uma boa infraestrutura que garante a subsistência da maioria do seu povo sendo a maior fonte de renda o plantio e beneficiamento da mandioca. Outra fonte de renda que vem crescendo nos últimos cinco anos é o comércio que conta com mais de 80 pontos, entre grandes mercados e pequenos empreendedores.
NOSSA HISTÓRIA - Emancipação Política

NOSSA HISTÓRIA - Emancipação Política

Emancipação Política de Boa Saúde

No início da década de l950, os partidos de maior representatividade no Rio Grande do Norte eram o Partido Social Democrático – PSD e a União Democrática Nacional – UDN. No período de 13/07/1951 a 31/01/1956, o Estado era governado pelo senhor Sylvio Piza Pedroza pertencente ao PSD, e o Município de São José de Mipibu administrado pelo senhor Pedro Juvenal Teixeira de Carvalho, pertencente ao mesmo partido.

Antônio Augusto de Souza
Em Boa Saúde os partidários do PSD eram liderados pelos senhores Antônio Augusto de Souza, Manoel Teixeira de Souza e Manoel Ribeiro de Andrade, enquanto os seguidores da UDN tinham como líderes o senhor Severino Dias de Paiva e a senhorita Aliete de Medeiros Paiva.

Nessa época, em Boa Saúde só existia representação política desses dois partidos. Não se contava com outra opção que não fosse pertencer e votar no PSD ou na UDN. As campanhas políticas eram muito acirradas. Os políticos e os eleitores não trocavam de partido com a mesma facilidade e frequência dos dias de hoje. Os eleitores eram menos esclarecidos e por isso votavam fielmente nos candidatos do patrão ou do chefe político, achando que favor se pagava com o voto. Daí as expressões: “curral eleitoral” e “voto de cabresto”.

Foi nesse clima que surgiu o ideal de emancipação política de Boa Saúde, por parte dos seguidores do PSD local, liderados pelo senhor Antônio Augusto de Souza, em l953, ano em que foram criados vários municípios no Rio Grande do Norte. Boa Saúde seria um deles, se não dependesse do voto decisório do Deputado Estadual João Frederico Abott Galvão, pertencente à UDN, que votou contra a sua emancipação.

Criado o Município de Monte Alegre através da Lei nº 929, de 25/11/1953, parte do Distrito de Boa Saúde passou a pertencer ao seu território, enquanto que o restante foi anexado ao Município de Serra Caiada, criado através da Lei nº 908, de 24/11/1953.

O fato do Distrito de Boa Saúde não ter sido emancipado, ter deixado de pertencer ao Município de São José de Mipibu, sendo dividido em duas partes, reforçou, ainda mais, o movimento pela sua emancipação, tendo à frente o Senhor Antônio Augusto de Souza, contando com o apoio do Deputado Federal Theodorico Bezerra, do PSD, e de outros deputados na Assembléia Legislativa. As articulações nos meios políticos e o apoio recebido do Governador Sylvio Piza Pedroza resultaram na criação do município, através da Lei nº 996, de 11/12/l953. Desmembrando-se de Monte Alegre e de Serra Caiada, Boa Saúde tornou-se município, com o nome de Januário Cicco, numa homenagem ao ilustre mipibuense, Dr. Januário Cicco, atendendo à exigência do Deputado João Frederico Abott Galvão, em troca do seu voto. A mudança do nome de Boa Saúde para Januário Cicco deixou a população surpresa.

Segundo o historiador Luiz da Câmara Cascudo, em Nomes da Terra, página l93, o Dr. Januário Cicco nasceu em São José de Mipibu em 1881 e formou-se em medicina em 1906, pela Faculdade da Bahia. Exerceu a profissão de médico, como policlínico, cirurgião e parteiro. Exerceu as seguintes funções: Inspetor da Saúde do Porto, Diretor do Hospital Juvino Barreto, transformando-o no Hospital Miguel Couto, posteriormente Hospital das Clínicas e hoje Hospital Universitário Onofre Lopes. Fundou a Sociedade de Assistência Hospitalar, em 1927 e a Maternidade Januário Cicco, em l950. Publicou cerca de 10 trabalhos científicos e literários. O Dr. Januario Cicco faleceu em 1952, em Natal.

Não se discutiria o mérito da homenagem, se não tivesse acontecido mediante as circunstâncias em que veio a ocorrer, deixando a população insatisfeita, ao ponto de pedir de volta a denominação de Boa Saúde, uma homenagem à sua padroeira, Nossa Senhora da Saúde, desde o início do povoamento.

Página 127

O texto foi extraído do livro Boa Saúde: Origem e história escrito por José Alai e Maria de Deus. Algumas imagens são dos blogs que José Alai mantinha. O objetivo dessa postagem é tão somente conservar nossa história.
NOSSA HISTÓRIA - A Pensão de Maria Júlio

NOSSA HISTÓRIA - A Pensão de Maria Júlio

A Pensão de Maria Júlio

No início do povoado, a primeira pessoa que oferecia hospedagem aos viajantes quando de passagem por Boa Saúde era o Senhor Antônio Badamero Sacca, cuja residência, um casarão de taipa, com muitos quartos, localizava-se onde existiu o grupo escolar e, atualmente, está situada a agência dos Correios. Como se dizia naquela época, ele oferecia “arrancho”, principalmente aos tropeiros.

Era comum, naquela época, os tropeiros que iam ou retornavam do sertão transportando mercadorias, fazerem uma parada para descançar. Tangiam uma tropa de três ou mais burros mulos e, aqui, acolá, obrigatoriamente, tinham que se “arranchar” num lugar que oferecesse comida, dormida e condições para “arriar” a carga e cuidar dos animais. Boa Saúde era um desses lugares.

No início da década de 1930, esse tipo de hospedagem ficava por conta do Senhor José Calazans Ribeiro, que tinha sua residência localizada onde atualmente existe o Clube 2 de Fevereiro, na Praça Nossa Senhora da Saúde.

Em 1935, o Senhor José Elias de Souza, conhecido como Zé Júlio, com sua família, fixou residência em uma casa localizada na Rua de Baixo, atual Heronides Câmara, onde começou, também, a oferecer “arrancho” aos tropeiros. Aos poucos, a procura foi aumentando, ao ponto dele ter que comprar uma casa maior para acomodar a quantos procurassem hospedagem.

Todos os membros da família participavam dos trabalhos da pensão, mas uma das filhas de Seu José Júlio, por nome de Maria Júlio, era quem mais se dedicava, assumindo uma das tarefas mais difíceis: auxiliar sua mãe na cozinha.

Com o falecimento de Seu José Júlio, o comando da pensão ficou sob a responsabilidade de Maria Júlio, contando com a ajuda de suas irmãs.Os anos foram se passando e mudando a clientela. O transporte de mercadorias, até então feito pelos tropeiros, passou a ser realizado pelos caminhões. A figura do tropeiro foi substituída pela do feirante, que dada a rapidez do novo meio de transporte, dispensava hospedagem durante a viagem. A pensão, que passou a ser chamada de Pensão de Maria Júlio, perdeu a clientela que lhe deu origem e viveu um período de pouca movimentação.

Anos depois, a partir de 1953, quando Boa Saúde passou a ser município, pessoas que vinham à cidade a serviço da Prefeitura, passaram a fazer parte da sua clientela, inclusive como mensalista. Outra forma de manutenção da pensão era o fornecimento de refeições nos dias de feira. E como na época não existia nenhum bar na localidade, nos dias de feira e nas principais festas não faltava uma cervejinha gelada, uma cachacinha e “tira-gostos” variados, muitas vezes ao som da sanfona de Dioclécio ou Vital.

Já se passaram mais de 65 anos, desde o início da pensão até hoje, e Maria Júlio, aos 72 anos de idade, está cansada, mas “não arredou o pé”. Continua firme, apesar da pouca frequência e das dificuldades que enfrenta.

A época dos tropeiros passou, assim como passou a dos feirantes e a das pessoas que ali se hospedavam quando a serviço da prefeitura ou por outro motivo qualquer. Muitas mudanças contribuíram para que isto acontecesse: as rodovias asfaltadas, substituíram as estradas de terra; os ônibus diários tomaram o lugar do “misto” que fazia a “linha” duas, três vezes por semana; o automóvel e o telefone encurtaram as distâncias. As coisas não são como eram antes. Os tempos não são os mesmos. Hoje, como no passado, somente o propósito e a vontade de Maria Júlio, de bem servir à comunidade.
Página 101

O texto foi extraído do livro Boa Saúde: Origem e história escrito por José Alai e Maria de Deus. Algumas imagens são dos blogs que José Alai mantinha. O objetivo dessa postagem é tão somente conservar nossa história.
NOSSA HISTÓRIA - O Rio Trairi

NOSSA HISTÓRIA - O Rio Trairi

O Rio Trairi

O Município e a cidade de Boa Saúde são banhados pelo Rio Trairi, que nasce na Serra do Doutor, nos municípios de Campo Redondo e Coronel Ezequiel, e deságua no Oceano Atlântico, através da Lagoa Guaraíra, no município de Nísia Floresta.

Poço da Pedra Grande no Rio Trairi
Os primeiros habitantes do povoado construíram suas casas nas proximidades do rio, se estabelecendo ali por causa dele e iniciando uma relação de convivência e de dependência.
Poço da Pedra Grande no Rio Trairí. Como todo rio periódico, o Trairi, nos anos bons de inverno, torna-se perene com as grandes enchentes. Passado o período das chuvas, o seu leito seca, ficando alguns poços, em determinados lugares, servindo para as pessoas tomarem banho e os animais beberem água. Em Boa Saúde, desde tempos remotos, existe o poço da pedra grande, onde as pessoas se banhavam diariamente, em horários destinados aos homens e às mulheres. Atualmente, o banho de rio se constitui um lazer, enquanto que no passado fazia parte da higiene , uma vez que não existia água encanada. Desde o passado, e ainda hoje, conta-se que existe uma gruta, de grandes dimensões, debaixo da pedra grande.

No período do inverno, o abastecimento das residências era feito com água de chuva “aparada” diretamente na “biqueira” ou armazenada em cisternas. O responsável pela introdução do uso da cisterna em Boa Saúde foi o Senhor Sebastião Cleodon de Medeiros, que construiu a primeira da localidade, em sua residência, servindo de exemplo para outras pessoas, que passaram a construir, também, para poder continuar bebendo água doce depois do inverno. Devido os custos de construção, poucas pessoas possuíam cisternas, e, desse modo, a maioria atendia a todas as necessidades de consumo com água salobra, retirada de cacimbas cavadas no leito do rio, carregada em barris conduzidos por jumento (foto abaixo), em “galões”, ou, ainda, em potes, cabaços e latas na cabeça. Somente depois foi que surgiram os carros pipas trazendo água doce.

As enchentes do rio eram um “acontecimento”. Movimentavam as pessoas a partir do momento em que corria a notícia: “o rio vem com água!”. Quem tinha cerca no leito do rio, ou nas suas margens, cuidava logo de desmanchar. Outra providência urgente era a retirada dos animais que estivessem pastando no leito e nas margens do rio. As pessoas cujas residências ficavam do outro lado do rio tinham que, às pressas, atravessarem em direção às suas casas.

Quando o rio começava a encher, as pessoas desciam rua abaixo, parecendo uma procissão, para ver a “cheia”, não importando a hora do dia ou da noite. Rio cheio, “de barreira a barreira”, enquanto a água não baixasse, atravessar somente a nado. Precisava ser bom nadador, como os irmãos Joaquim, Manoel e Nelson Flor, residentes em Boa Saúde e que faziam a travessia de pessoas, mercadorias e, até, defuntos.

Dependia, também, do rio a lavagem de roupa. No verão, com água salobra das cacimbas, e no inverno, com água de chuva dos tanques da pedra grande e dos lajedos do outro lado do rio. Existia uma verdadeira disputa pela água dos tanques. Quem chegava primeiro, levava vantagem, ficando com a maior quantidade de água. A roupa era lavada nos lajedos que serviam, também, para “quarar”. Depois, era secada ao sol estendida nas cercas de arame.

Outros aspectos importantes da vida da população relacionados com o rio eram a pesca e a cultura de vazante. A pesca era praticada com frequência, contribuindo para o sustento das famílias. Os principais peixes encontrados, principalmente nos poços, eram: a traíra, a curimatã, o cará, o jundiá e a piaba, pescados com tarrafa, anzol e landuá. A pesca da piaba era feita com o auxílio de uma garrafa, tendo como isca farinha de mandioca.

A cultura de vazante era realizada no leito do rio, nos períodos de estiagem. Plantava-se batata doce para o consumo das pessoas e capim para ração dos animais.

Nos dias atuais, a relação da população com o rio não é mais a mesma. Com a construção da ponte, as pessoas atravessam desapercebidas, de um lado para outro, a qualquer hora do dia ou da noite, independente do rio estar cheio ou seco. Com a chegada da água encanada as pessoas não dependem mais do rio para tomar o seu banho diário, como não dependem, também, da água salobra das cacimbas para atender a outras necessidades de consumo. A lavagem de roupa com água dos tanques é coisa do passado. A pesca e a cultura de vazante quase não existem mais. As enchentes já não chamam tanto a atenção como antigamente. Só o rio é o mesmo, com todo o seu potencial, que precisa ser preservado e explorado racionalmente.

Página 105

O texto foi extraído do livro Boa Saúde: Origem e história escrito por José Alai e Maria de Deus. Algumas imagens são dos blogs que José Alai mantinha. O objetivo dessa postagem é tão somente conservar nossa história.
NOSSA HISTÓRIA - Festa da Padroeira

NOSSA HISTÓRIA - Festa da Padroeira

Festa da Padroeira em Boa Saúde

Boa Saúde vive sob a proteção de Nossa Senhora da Saúde, sua padroeira, cuja devoção, conforme já analisado, vem desde o inicio do povoado, que recebeu o nome de Boa Saúde em sua homenagem. A Festa de 02 de Fevereiro, como é conhecida, é um dos maiores acontecimentos sócio-religiosos da Região do Trairi. Dela participa gente da capital, dos municípios mais próximos e de lugares distantes, inclusive de outros Estados do Nordeste, principalmente filhos da terra ou pessoas que já residiram em Boa Saúde. É uma ocasião de reencontro de parentes e amigos.

Procissão do dia 2 de fevereiro
Durante todo o ano, as pessoas visitam a capela de Nossa Senhora da Saúde e pagam promessas. Mas é durante os dias 01 e 02 de fevereiro que milhares de devotos acorrem à cidade para participar da festa da padroeira, agradecendo graças alcançadas e pagando promessas, como: acender velas, conduzir o andor, acompanhar a procissão descalço, carregando pedra na cabeça ou vestindo trajes religiosos.

Procissão do dia 2 de fevereiro
No passado, no período da referida festa, as ruas eram enfeitadas com bandeirinhas coloridas de papel de seda. Além das celebrações religiosas, que constavam de novenas, missa e procissão, faziam-se barraca e leilão dos donativos recebidos, em benefício da igreja. Fazia parte da tradição, a queima de “fogos de vista” e “fogos do ar” (conhecidos atualmente como fogos de artifício e foguetões), que eram fabricados em São José de Mipibu, pelos fogueteiros Tota e Joca Davino, na década de 1940. Eles fabricavam, com segurança e perfeição, todos os fogos de estampido e de artifício que eram usados por ocasião das festas, em toda a Região Agreste.

Somente, há uns sessenta anos atrás foi que os bailes passaram a fazer parte da festa. O primeiro foi realizado por acaso. Segundo contam algumas pessoas daquela época, terminada uma das festas, os organizadores faziam um “apanhado” da mesma, quando passou pelo local um sanfoneiro e, então , aproveitaram para dançar. A partir desse fato, os bailes passaram a fazer parte da programação da festa.

Durante muito tempo, os bailes eram realizados, somente, depois da festa religiosa, que se encerrava com a procissão, no dia 02 de fevereiro. Tinham como local, inicialmente, o mercado, e depois, o prédio da escola, até a sua proibição nesse local pela Secretaria de Educação, na primeira metade da década de 1950, quando foi construída uma quadra descoberta para a sua realização. Construída a uns 12 metros de uma das laterais da capela, a referida quadra não contou com a aprovação do Padre Antônio Barros, vigário de São José de Mipibu, paróquia à qual pertencia a capela de Boa Saúde. Durante dois anos seguidos, o Padre Barros deixou de celebrar a missa da festa da padroeira, voltando a fazê-lo depois que a quadra foi demolida.

A construção de outra quadra, em local afastado da capela, deu origem ao “Clube 2 de Fevereiro”, contando com a participação de grande parte da comunidade, principalmente, da juventude, no final dos anos 50 e início dos anos 60, época em que a capela de Boa Saúde já pertencia à Paróquia de Serra Caiada, tendo como vigário o Padre Antônio Vilela Dantas.

A festa da beira do rio Trairi
Nos últimos trinta anos, vem ocorrendo certas mudanças na Festa de 02 de Fevereiro. Antes o programa era impresso e organizavam-se comissões que per-corriam os sítios e cidades vizinhas, divulgando o pro-grama da festa e arrecadando donativos. Havia uma participação ativa da comunidade, que se responsabilizava pela programação da festa, que, além das celebrações religiosas, constava de barraca, leilão, concurso de rainha e baile, com o objetivo de conseguir recursos para as obras da igreja, inclusive para a construção e conservação do clube. E, naquele tempo, contava-se com certas dificuldades, que não existem hoje: a bebida era comprada em Macaíba ou São José de Campestre; o gelo em barra vinha de Natal, acondicionado em saco de estopa com pó de serra; as mesas e os tamboretes eram emprestadas de outras cidades.
A festa da beira do rio Trairi
Observa-se, entretanto, que em relação à “festa de rua”, poucas mudanças ocorreram: os parques de diversões, praticamente, são os mesmos; continuam os diversos tipos de sorteios e de jogos tradicionais, como do preá e do laço; permanecem as bancas de bebidas, com “tiragostos” variados e, as de café, com várias gulozeimas, além de muitas outras, com uma infinidade de artigos. Continua, também, a vinda de grupos de prostitutas das cidades vizinhas, que se juntam num determinado local do rio e armam barracas, onde não faltam música, bebida e sexo. Uma particularidade que permanece com a denominação de “festa do rio”.

É necessário que se promova o resgate de alguns aspectos da Festa da Padroeira, que, no passado, eram muito relevantes. É de suma importância que a participação dos diversos segmentos da sociedade seja retomada, realizando atividades como barraca, leilão e festa no clube, com a renda destinada à igreja. Não é admissível que as festas particulares sejam colocadas em primeiro plano, em detrimento da Festa de Nossa Senhora da Saúde, a festa da comunidade.

Foram muitas as pessoas que fizeram parte das comissões organizadoras da Festa de 02 de Fevereiro. Lembrar de todas, uma por uma, ao longo do tempo, é impossível. Entretanto, fazemos um registro daquelas que foram lembradas por ocasião das entrevistas realizadas: José Calazans Ribeiro, Antônio Augusto de Souza, Sebastião Cleodon de Medeiros, Agenor Ferreira Xavier, Clidenor Ferreira Xavier, Otacílio Barbosa de Silva, Alexandre de Freitas, Necilda Xavier, Maria Almeida Galvão, Luíza Almeida Galvão, Aliete de Medeiros Paiva, Helena Costa, Penina Dias Vieira, Maria Bento, Manoel Ribeiro de Andrade, Maria da Salete de Lima Andrade, Maria Helena de Azevedo Barbalho, José Aldo Barbalho, José Alaí de Souza, José Aldí de Souza, Maria do Céu de Souza, Paulo de Souza, Elias Inácio, Mário Cordeiro de Oliveira, Nizardo Cleodon de Medeiros, José Ribeiro (Dedé do Correio), Antônio Urbano dos Santos, Carlos Barbosa da Silva, Célia Barbosa da Silva, Maria das Neves Barbosa da Silva, Nidarte Medeiros, Maria das Dores Alencar, Terezinha Matias e Neci Matias.
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O texto foi extraído do livro Boa Saúde: Origem e história escrito por José Alai e Maria de Deus. Algumas imagens são dos blogs que José Alai mantinha. O objetivo dessa postagem é tão somente conservar nossa história.
NOSSA HISTÓRIA - As Novenas

NOSSA HISTÓRIA - As Novenas

As Novenas em Boa Saúde

Além das festas juninas, era tradicional festejar com novenas, leilões e bailes, as datas dedicadas aos santos de maior devoção, como: São Sebastião, protetor contra a peste, a fome e a guerra, no dia 20 de janeiro; São José, protetor dos agricultores, no dia l9 de março; Nossa Senhora da Conceição, no dia 8 de dezembro e Santa Luzia, protetora dos olhos, no dia 13 de dezembro.

Durante o mês de maio, dedicado a Virgem Maria, cada noite era patrocinada por uma família ou grupo de pessoas da comunidade: comerciantes, estudantes, agricultores, etc. A igreja era enfeitada com muitas flores, crianças eram vestidas como anjos e as novenas assumiam um caráter solene e festivo, com ladainhas e cânticos a Nossa Senhora. Era comum soltar muitos fogos, principalmente no último dia de maio, quando eram realizadas a coroação de Nossa Senhora e a queima das flores que foram usadas durante o mês.

Não somente nas cidades, mas nos principais sítios, comemorava-se o mês de maio. Era costume, em algumas localidades, não iniciar as novenas no dia primeiro do mês, começando dias depois, para não haver coincidência no encerramento, nas comunidades mais próximas. Nestes casos, prolongavam-se o encerramento das novenas pelos primeiros dias de junho, com a realização de leilões e bailes em várias localidades.

Página 82

O texto foi extraído do livro Boa Saúde: Origem e história escrito por José Alai e Maria de Deus. Algumas imagens são dos blogs que José Alai mantinha. O objetivo dessa postagem é tão somente conservar nossa história.
NOSSA HISTÓRIA - As Parteiras Curiosas

NOSSA HISTÓRIA - As Parteiras Curiosas

As Parteiras Curiosas de Boa Saúde

No passado, as parteiras curiosas assumiram um papel muito importante na vida das comunidades do interior, principalmente no Nordeste do Brasil.

Preta Valentim
Parteira curiosa de Córrego de São Mateus
As parteiras curiosas, também chamadas de comadres, assistiam às mulheres grávidas por ocasião dos partos, que eram realizados em casa, acompanhados de muito mistério e medo. As proteções de Nossa Senhora do Bom Parto e de Nossa Senhora da Saúde eram invocadas, acompanhadas de orações, simpatias e procedimentos próprios e característicos da ocasião e da época. Acreditava-se que esfregar alho ou cuspe de fumo no abdome, soprar numa garrafa, sentar num pilão ou numa cuia de cinco litros, facilitavam a saída do feto. Quando não ocorria a expulsão da placenta , dizia-se que a paciente não tinha se “desocupado” e, a infecção decorrente desse fato quase sempre causava a morte. Daí a expressão “morreu de parto”. Era comum, após o parto, a mulher ficar de “resguardo” durante 40 dias. Neste período, só podia tomar banho depois de l5 dias e qualquer susto, raiva, queda, ou fato semelhante, era causa para “quebrar o resguardo”. Para evitar hemorragia, no umbigo do recém-nascido colocava-se um pouco de teia de aranha e para ajudar a sarar usava-se azeite de carrapateira.

Festejava-se os nascimentos das crianças com foguetões e às visitas era oferecida uma mistura de cachaça com mel de abelha, chamada de “mijo do menino” ou da menina, conforme o caso, e ainda, de “cachimbo”, denominação que certamente tem a haver com o cachimbo das curiosas, pois, geralmente, tinham o hábito de fumar.
As curiosas passavam a ser consideradas comadres das parturientes e os recém-nascidos, quando crescidos, as chamavam de mãe fulana ou cicrana, conforme os seus nomes. Em Boa Saúde, há uns quarenta anos atrás, a maioria dos partos eram assistidos por parteiras curiosas, algumas delas ainda hoje lembradas, como: Maria Cabocla, conhecida como Mãe Maria; Francisca Justino ou Mãe Chiquinha, que trabalhava como louceira e Joaquina Preta, chamada de Mãe Joaquina, que também era rezadeira.

Página 69

O texto foi extraído do livro Boa Saúde: Origem e história escrito por José Alai e Maria de Deus. Algumas imagens são dos blogs que José Alai mantinha. O objetivo dessa postagem é tão somente conservar nossa história.
NOSSA HISTÓRIA - A primeira escola

NOSSA HISTÓRIA - A primeira escola

A Construção da Primeira Escola

As primeiras professoras nomeadas de Boa Saúde de que se tem notícias, datam de 11/07/1886. Através da Lei nº 98l, da Prefeitura Municipal de São José de Mipibu, o povoado foi contemplado com duas professoras, sendo “uma para o sexo feminino e outra mista” (Barbalho, 1961, p. 141). Naquela época, era comum as escolas funcionarem nas próprias residências dos fazendeiros ou lideranças políticas. 

Prédio antigo do Grupo Escolar Dr. Mário Câmara
A construção da primeira escola, da qual se tem conhecimento, somente veio a acontecer na primeira metade da década de 1930, tendo sido construída no local onde era a residência do senhor Badamero e, atualmente, existe a agência dos Correios. Sua inauguração ocorreu no dia 02 de fevereiro de 1935,conforme noticiou o jornal “A República”, datado do dia 10, do mesmo mês e ano, tendo como titulo “Inauguração do prédio da Escola Isolada de Boa Saúde”, cujo conteúdo passamos a transcrever na íntegra:

“No dia 02 do corrente mês, comemorando a festa de sua padroeira – Nossa Senhora da Boa Saúde – na pitoresca povoação desse nome, no município de São José de Mipibu, teve lugar, às 11 horas, a inauguração do seu prédio escolar, alli mandado construir pelo Governo do Estado. O acto de inauguração revestiu-se de aspecto festivo, a elle comparecendo, além do Dr. Amphiloquio Câmara, Diretor Geral do departamento de Educação, que alli também fora como representante do Exmo. Sr. Interventor Federal. Dr. Mário Câmara, o prefeito do município, Sr. Juvenal Carvalho, o vigário de São José. padre Paulo Heroncio de Melo, a inspetora de ensino professora Lindalva Alves Taveira, professora Antonia Guerra Jales, o Sr. José Humberto de Souto, Sr. Anibal Barbalho, o Sr. Heronides da Câmara Silva, que por parte do Departamento de Educação foi o encarregado da construção, e uma avultada assistência constituída de familiares e cavalheiros, dentre os quais recordamos dos Srs. Teodosio Ribeiro de Paiva, Francisco Gurgel, João Dantas, Joaquim Pinheiro Netto, João Batista Marques, Lauro Macedo, Francisco Leite, José de Souza, Pacífico Bernardo Bezerra, Manoel Cypriano Filho, João Alves Peixoto, Geraldo Cabral, João Teixeira de Vasconselos, Faustino Ferreira de França, Severino Guerra, Francisco Antônio de Jesus, Oscar de Freitas Marques, Belísio Cypriano do Nascimento, Antônio Francisco da Silva, Joaquim José Cabral, Júlio Gomes, Pedro Marcelino Filho e Francisco Resende. A solenidade começou pela benção dada ao prédio pelo Padre Paulo Heroncio, a qual seguiu-se o hasteamento da bandeira nacional, queimando-se nesta ocasião uma salva de 21 tiros. Repleta a sala da sessão, falou o Diretor do Departamento de educação, dr. Amphilóquio Câmara, que depois de ter apresentado ao público as escusas de comparecimento do Sr. Interventor Federal, discorreu sobre o desenvolvimento que a instrução pública está tendo no Estado, do litoral ao sertão, sob a orientação patriótica de sua excellência, e perorou congratulando-se com os habitantes de Boa Saúde pelo excelente prédio que recebia da administração estadual para a educação de seus filhos, o qual, em parte se devia a operosidade do sr. José Heronides Câmara que desinteressadamente aceitara do Departamento de Educação a incubência de dirigir a construção.
Em nome da população local, agradeceu o Sr. Heronides Câmara a dadiva da Interventoria Federal, espaltando, em palavras judiciosas, a obra elevadíssima de renovação moral, política e econômica que o dr. Mário Câmara está praticando no Estado.
- Durante toda a festividade tocou a harmoniosa banda de música de São José de Mipibu.
- Ao sr. Interventor Federal, que não poude, entretanto, comparecer em pessoa, por múltiplos affazeres nesta capital, estava preparada imponente recepção popular, como demonstração maior do reconhecimento do povo de Boa Saúde pelo benefício com que vinha de ser dotado.
- O sr. Heronides Câmara e distinta família foram enexcedíveis em cumular de gentilesas quando alli estiveram, oferecendo-lhe lauto almoço”.

Numa homenagem ao Interventor Mário Leopoldo Pereira da Câmara, que governou o Rio Grande do Norte no período de 02/08/1933 a 27/10/1935, a Escola Isolada de Boa Saúde passou a se chamar de Grupo Escolar Dr. Mário Câmara. Durante várias décadas o referido prédio, além de cumprir a sua função específica, serviu para a realização de reuniões e festas da comunidade, inclusive dos bailes das festas da padroeira. Foi demolido e no local construído o prédio onde, atualmente, funciona a agência dos Correios. O atual Grupo Escolar Dr. Mário Câmara fica localizado na Avenida Manoel Joaquim de Souza. Sua construção ocorreu quando era Governador do Estado o Monsenhor Walfredo Dantas Gurgel e a sua inauguração foi no ano de 1968.

Segundo pesquisa realizada junto aos moradores mais antigos, em 1933 o povoado de Boa Saúde tinha como Professora Maria Emília Pessoa. Depois da construção da escola, em 1935, a primeira professora foi Iolanda Medeiros, seguida de Maria da Conceição Costa e de Adelaide Maciel, todas formadas pela Escola Normal de Natal.

Maria Almeida
Uma das primeiras professoras de Boa Saúde
Outras professoras que lecionaram no Grupo Escolar Dr. Mário Câmara e cujos nomes foram lembrados são as seguintes: Nair, Aliete de Medeiros Paiva, Maria Celsa de Medeiros Paiva, Maria Almeida Galvão, Luíza Almeida Galvão, Maria Medeiros, Anita Barbalho, Albertina Barbalho, Carmelita Elias de Souza, Casciana Duarte, Terezinha Pinheiro de Lima, Aline Silva, Maria do Céu de Souza, Josefa Leó dos Santos, Nidarte Medeiros, Célia Barbosa e Francisca Ferreira Freire. Exerceram a função de diretora do referido estabelecimento de ensino, as seguintes professoras: Maria Helena de Azevedo e Silva e Maria Almeida Galvão.


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Páginas 41 a 44

O texto foi extraído do livro Boa Saúde: Origem e história escrito por José Alai e Maria de Deus. Algumas imagens são dos blogs que José Alai mantinha. O objetivo dessa postagem é tão somente conservar nossa história.
NOSSA HISTÓRIA - A capela de Nossa Senhora da Saúde

NOSSA HISTÓRIA - A capela de Nossa Senhora da Saúde

A Capela de Nossa Senhora da Saúde


Capela de Nossa Senhora da Saúde - Construção Antiga
Não se sabe, com exatidão a época da construção da primeira capela dedicada a Nossa Senhora da Saúde. O mais provável é que tenha ocorrido antes de 1878, quando documentos já mencionados evidenciam a existência do povoado com o nome de Boa Saúde, que teria começado a crescer a partir da referida construção e da devoção a Nossa Senhora da Saúde, após a propagação da cura a ela atribuída.

Edificada por iniciativa de Luiz Francisco da Costa, conhecido como Luiz Cachoeira, contando com o apoio das famílias residentes na localidade e com a colaboração dos demais Cachoeira, a referida capela teve como pedreiro o senhor Antônio Badamero Sacca. Segundo os moradores mais antigos, a madeira utilizada na sua cobertura foi retirada das proximidades da construção, que era do tipo duas águas, com uma única porta larga na frente. A imagem de Nossa Senhora da Saúde, Luiz Cachoeira teria mandado buscar em Roma, enquanto o sino, teria sido uma doação de Pedro Francisco da Costa, denominado de Pedro Cachoeira, sendo desconhecida a sua origem, sabendo-se, entretanto, que foi trazido de Macaíba, em lombo de burro.

Capela de Nossa Senhora da Saúde - Construção Antiga
A primeira capela, muitos anos depois, foi reformada e ampliada, como mostra a sua foto. Tinha uma fachada em estilo colonial e o seu interior era constituído pela nave-central separada da capela-mor por uma grande arcada. Nas laterais existiam corredores separados da parte central por arcadas menores. Possuía um único altar, formado por vários degraus e três nichos com as imagens de Nossa Senhora da Saúde, ao centro, ladeada por São Sebastião e Nossa Senhora da Apresentação.

Quanto à assistência dada à capela de Boa Saúde por parte dos vigários da Paróquia de São José de Mibibu, no seu livro de tombo mais antigo, existente no arquivo da Cúria Arquidiocesana de Natal, encontramos algumas informações:

Datado de 29/06/1931, quando era pároco o Pe. Antônio Brilhante d’Alencar, encontramos o seguinte relato: “De 24 de junho a 28 do m m visitei as capelas de Monte Alegre, onde fiz uma novena em honra de S. João Batista e missa e reunião do Apostolado, Vera Cruz, Salgada e Boa Saude celebrei o santo sacrifício da missa e fiz desobriga paroquial e preguei em todas as trez capelas e distribui a sagrada comunhão a 215 pessoas sendo o maior nº em Boa Saúde e Monte Alegre”.

Quando o Pe. Antônio Brilhante faz referências ao trabalho da paróquia durante o ano de 1932, mais uma vez a capela de Boa Saúde é citada. “... visita paroquial com desobriga nas capelas de Monte Alegre, Boa Saude, Salgada, Vera Cruz, Laranjeira dos Cosmes e Japecanga todas com excelente resultado espiritual a excepção da última. S. José 31 de Dezembro de 1932. Pe. Brilhante”.

Datada de 30/04/1933, encontramos uma referência a Festa de 02 de Fevereiro: “Nos meses de Janeiro, Fevo, Março e Abril foram celebradas as 1as 6as feiras com regular solenidade e visita as capelas de Monte Alegre, Vera Cruz, Salgada e Boa Saúde e nesta ultima um triduo solene – festa da padroeira”.

Outra anotação do ano de 1933 é sobre o patrimônio da capela de Nossa Senhora da Saúde: “Há em Boa Saúde pequeno patrimônio de Nossa Senhora da Boa Saúde, constituído em gados, constante de trez vacas, um boiato de quatro heras, um novilhote, uma novilha e dois bezerros a s-s, em poder do Sr. José Cachoeira, morador no sitio Limeira deste município de São José de Mipibu, conforme carta do Sr. José Heronides da Câmara e Silva, com data de vinte e um de outubro de mil novecentos e trinta e um.”

Em 1934, no período de 15 de fevereiro a 03 de março, Frei José Maria Casanova, missionário da Ordem Carmelita, realizou Missões na Paróquia de São José de Mipibu. Além da sede da paróquia, foram visitadas as capelas, inclusive a de Boa Saúde, onde, conforme o relato do Pe. Paulo Herôncio, vigário na época, foram realizadas 432 comunhões, 15 batizados, 19 casamentos, 07 pregações, 01 procissão e 01 romaria ao cemitério.

Outra informação encontrada, de forma muito resumida sobre a festa de 02 de fevereiro de 1935, e que faz referência a uma reforma realizada na capela, na íntegra, é a seguinte: “Fez-se em Boa Saúde a festa da Padroeira, inaugurando-se os trabalhos de remodelação da capela”.

Igreja de Nossa Senhora da Saúde - Construção Antiga
Outra reforma aconteceu na referida capela, quando era vigário de São José de Mipibu o Pe. Antônio Barros. A capela-mor passou por uma total transformação. O altar antigo foi substituído por um outro de arquitetura mais moderna, os corredores e arcadas laterais foram demolidos e foi construída uma sacristia.

Na primeira metade da década de l960, a igreja antiga foi quase toda demolida, restando apenas o alicerce e algumas paredes da capela-mor. No local surgiu a igreja atual, projetada e construída por Pe. Antônio Vilela Dantas, primeiro vigário da paróquia de Serra Caiada, criada em l956, à qual a capela de Boa Saúde passou a pertencer. Toda comunidade católica se empenhou e contribuiu para a construção da nova capela, tendo como fonte de renda as festas da padroeira. O principal encarregado da construção foi o senhor Sebastião Cleodom de Medeiros, comerciante e uma das lideranças da comunidade na época. A torre da referida capela teve sua construção mais recente, quando a Paróquia de Serra Caiada tinha como Vigário o Pe. José Amorim de Souza.

Igreja de Nossa Senhora da Saúde - Construção Atual
Nas décadas de 1930 e 1940, a principal zeladora da capela de Nossa Senhora da Saúde era a Senhora Ana Ferreira Ribeiro, esposa do Senhor José Calazans e mais conhecida como Donana. Depois, a referida capela ficou sob os cuidados e a dedicação da Senhorita Helena Costa, durante muitos anos, período em que o seu irmão Augusto José da Costa, mais conhecido como Gustavo, era quem tocava o sino.

Páginas 37 a 40

O texto foi extraído do livro Boa Saúde: Origem e história escrito por José Alai e Maria de Deus. Algumas imagens são dos blogs que José Alai mantinha. O objetivo dessa postagem é tão somente conservar nossa história.
NOSSA HISTÓRIA - Origem do nome

NOSSA HISTÓRIA - Origem do nome

Origem do Nome Boa Saúde

Quanto ao nome Boa Saúde, o documento mais antigo que faz referências ao mesmo data de 1878. Trata-se do inventário de Simião Bolivar da Silva, casado com Rita Maria dos Prazeres, ela na época com 60 anos de idade. Proprietários e moradores no Brás e donos de terras, também em Laranjeiras, deixaram os seguintes filhos: Francisca, com 45 anos de idade, casada com José Firmino da Costa; Felix Francisco dos Santos, com 44 anos; Januário dos Santos; Maria Virgínia da Anunciação, com 41 anos; Manoel Simião da Silva, com 40 anos, casado com Clementina Maria da Conceição; Theotonia Maria, com 38 anos, casada com Manoel Verissimo Ribeiro, João Manoel da Silva, com 37 anos e Germana Maria da Anunciação, com 31 anos, casada com Manoel Diogo da Paixão. Dentre os bens deixados por Simião Bolivar da Silva constam cinco escravos: Dionizio, com 25 anos de idade; Firmino, com l8; Francisco com 10; Maria com 27 e. Mariana com 23. Como o casal teve nove filhos, na partilha dos escravos, a cada um coube uma fração do valor de cada um. A parte do documento que faz referência ao nome de Boa Saúde tem o seguinte teor: “ Recebi do meo escravo Dionízio a quantia di quarenta e quatro mil reis pela parte di sua liberdade de huma parte y pela herança de meo finado Pai q. mi tocou. Assim como tbem Recebi a quantia de dezeçêis mil rs pela parte de sua liberdade do labor e tresentos mil rs q. tbem mi tocou pela minha herança e do mesmo finado Pai mi tocou ficando o meo escravo aotorizado de huma semana di sirviço dentro do tempo q. mi toca na sua sujeição. E p. afim da verdade mandei paçar o presente em q. mi asigno prezte as Testemunhas abaxo asignadas. Boa Saúde, 22 de junho de 1878. Manoel Simião da Silva como testemunha Alexe. Franco. da Sa - (Alexandre Francisco da Silva) o grifo é nosso - Moricy. Como Testemunha de meo escravo Dionízio Januário José dos Santos. Manoel Vericimo Ribeiro”.

Nossa Senhora da Saúde
Existe mais de uma versão sobre a origem do nome Boa Saúde. Uma de que “a sugestão do nome foi dada por um padre a romeiros do povoamento do Lerdo que visitavam a cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará.” O padre teria questionado sobre o significado da palavra lerdo e sugerido aos romeiros que o nome do povoado “deveria propagar religiosidade e prosperidade.” Os romeiros voltaram “com a imagem de Nossa Senhora da Boa Saúde na bagagem e imediatamente o povoado passou a se chamar Boa Saúde” (Morais, 1998, p.38).

Outra versão relatada pelo referido autor mostra que “o povoamento passou a se chamar Boa Saúde depois que uma pessoa dos Cachoeira, que há muito tempo estava doente, começou a banhar-se num poço do rio localizado nas redondezas, onde existia muito muçambê, planta medicinal. O doente logo ficou curado e, por ser devoto de Nossa Senhora da Boa Saúde, deu de presente à comunidade uma imagem da santa”. A partir deste fato, os Cachoeira construíram uma capela e adotaram Nossa Senhora da Boa Saúde como padroeira, e a localidade passou a se chamar Boa Saúde.

Poço da Pedra Grande
Por ocasião da pesquisa realizada junto aos moradores mais antigos da cidade, surgiu uma outra versão sobre a origem do nome Boa Saúde, que muito se aproxima da que nos referimos anteriormente. Morava no Lerdo, na localidade que veio a se chamar de Boa Saúde, o senhor Antônio Badamero Sacca, que costumava oferecer “arrancho” aos viajantes. Certa vez chegou uma pessoa que, tendo adoecido, permaneceu hospedada até ficar curada, quando teria exclamado ser um lugar abençoado, um lugar de muita saúde e que deveria se chamar Boa Saúde. Luiz Cachoeira, ao saber do ocorrido e temendo que os moradores do povoado de Gatos (atual Guarani) construíssem a primeira capela das redondezas, tomou a iniciativa de construir uma, dedicada a Nossa Senhora da Saúde.

A imagem de Nossa Senhora da Saúde, Luiz Cachoeira teria mandado buscar na Europa, o que, pelas características da santa, é mais provável, contrariando a versão de que a mesma teria vindo do Juazeiro, trazida por um grupo de romeiros. Por outro lado, algumas evidências contribuem para a aceitação da hipótese de que sua origem é européia: a existência do povoado com a denominação de Boa Saúde, em 1878, conforme documentos do Cartório de São José de Mipibu, e a ocorrência do milagre da beata Maria de Araújo, onze anos depois, em l889, quando a partir daí foi que se iniciou a devoção ao Padre Cicero e começaram as romarias ao Juazeiro.

Segundo o Professor da UFRN, Senhor Antônio Marques de Carvalho Júnior, estudioso e expert em arte sacra e antiguidades, a imagem de Nossa Senhora da Saúde, “Do ponto de vista do estilo pode-se dizer que se trata de uma escultura de influência barroca, mas já tendendo para o néo-clássico, caracterizado pelo panejamento sóbrio, com pouco movimento. O pedestal ou base é extremamente simples, sendo pois mais um forte indicador de uma escultura saída de uma manufatura européia do século XIX, entre 1800 e 1860”. Sobre a sua origem, ele tem a seguinte opinião: “A hipótese de sua origem ser a cidade de Juazeiro do Norte não tem a menor possibilidade, pois trata-se de uma escultura de fatura erudita e não de cunho popular”. E finalizando a sua análise, ele diz: “Para concluir, ressalte-se a postura hierática da imagem, com seu semblante gracioso, e no todo de linhas e proporções perfeitamente harmônicas".
Páginas 31 a 33

O texto foi extraído do livro Boa Saúde: Origem e história escrito por José Alai e Maria de Deus. Algumas imagens são dos blogs que José Alai mantinha. O objetivo dessa postagem é tão somente conservar nossa história.
NOSSA HISTÓRIA - Origem e povoamento

NOSSA HISTÓRIA - Origem e povoamento

BOA SAÚDE - Origem e povoamento

Não se tem conhecimento exato da época do início do povoamento da área que constitui o município de Boa Saúde. Os fatos e as ocorrências relacionados com a formação do território de São José de Mipibu e com a interiorização da Colônia, indicam que tenha acontecido na primeira metade do século XIX.
Cruzeiro da Vila de Boa Saúde
Pesquisa realizada em documentos do Cartório de São José de Mipibu, comprova que em 1859 já existiam habitantes no território do atual município de Boa Saúde. Datado de 28 de novembro daquele ano, encontramos o inventário de Delfina Ursulina da Conceição, que deixou para o seu esposo, Francisco Cosme de Oliveira e outros herdeiros “Cem braças de terras de criar e plantar na Ribeira do Trairy no lugar denominado Cacimba de Baixo...”. Outro inventário datado de 08/03/1867, faz referência ao Córrego de São Mateus. A inventariante, Sancha Ferreira da Silva, residente em São José de Mipibu e casada com o Tenente Manoel Timotheo Ferreira Lustoza, deixou-lhe como herança entre outros “bens de raiz”, como eram denominados, na época, os bens imóveis, “Huma parte de terras na data de San Matheos no Corrego...”.

Sobre os primeiros habitantes do povoado de Boa Saúde, existe uma versão de que o início do povoado se deu “com a presença no território de famílias retirantes de uma demorada seca que assolou o sertão norte-rio-grandense. Na busca de melhores dias, os sertanejos se instalaram às margens do rio Trairi, nas proximidades de uma queda d’água chamada Cachoeira. Ao construírem suas primeiras casas nos arredores da famosa queda d’água, os habitantes primitivos passaram a ser conhecidos popularmente como os Cachoeira” (Morais, 1998, p.380).

Como se explica que em um ano de seca, às margens do rio Trairi, tenham se estabelecido retirantes do sertão, nas proximidades de uma cachoeira? O Trairi é um rio temporário, cuja nascente localiza-se no sertão, na Serra do Doutor, nos municípios de Campo Redondo e Coronel Ezequiel. Seu curso d’água depende e coincide com os períodos chuvosos. O historiador Augusto Tavares de Lira, quando se refere ao rio Trairi, diz que da sua nascente no sertão até a barra são 20 léguas “e só corre em anos invernosos” (Lira 1998, p.185).


Poço da Pedra Grande
No trabalho de pesquisa realizado surgiu outra versão. Os Cachoeira, cujo sobrenome é Francisco da Costa, teriam vindo do sertão da Paraíba, possivelmente, da região de Catolé do Rocha, em número de dez irmãos: Luiz, Francisco, Joaquim, Manoel, Alexandre, Pedro, Satiro, Antônia, Francisca e Izidora. Inicialmente, se estabeleceram em diversas áreas de terras como proprietários e, como eram pessoas possuidoras de um certo “recurso”, desenvolveram a agricultura e a criação de gado e deram impulso à formação do povoado, a partir da construção da capela de Nossa Senhora da Saúde. Ao chegarem na Data do Lerdo, onde atualmente localiza-se a cidade de Boa Saúde, ali residiam as seguintes famílias:

Os Sacca, família à qual pertencia um senhor conhecido como Antônio Badamero Sacca, cuja residência situava-se onde depois foi construído o antigo prédio do Grupo Escolar Dr. Mário Câmara, e atualmente existe a agência dos Correios. O registro mais antigo que encontramos sobre esta família trata-se do inventário de Sebastiana Maria de Jesus, falecida em 1879, em Boa Saúde, sendo casada, pela segunda vez, com Joaquim Francisco Ferreira da Silva Sacca, naquela ocasião com 75 anos de idade. Como filhos do primeiro casamento encontramos: Luis de França; Maria, casada com Manoel Joaquim de Lima, e Francisca, casada com Sebastião Pinto de Mello, tendo como filhas: Joana e Maria, sendo que esta foi casada com Antonio José de Sant`Ana. Como descendentes de Sebastiana Maria de Jesus e de Joaquim Ferreira da Silva encontramos: José Ferreira da Silva; Antonio Ferreira da Silva e, João Ferreira da Silva, cujos filhos são: Manoel, Antonio, Jacintha, Alexandre, Jorge, Maria, Lucia, Joanna e Faustino. Dentre os bens do inventário, consta uma parte de terra em Boa Saúde com uma casa de morada, que havia sido adquirida por compra a Francisco de Paiva Rocha, uma parte de terra em Oiticica – Ribeira do Trahiry, e outra no lugar denominado Poço do Braz.

Os Ferreira, moravam no local que depois pertenceu a Manoel Joaquim de Souza (Neco de Sinhá) e residiu Manoel Teixeira de Souza (Nezinho de Souza). Documento do Cartório de São José de Mipibu, datado de 30/07/1910, faz referência à família Ferreira, conforme transcrevemos: “Diz Salustiano Ferreira de França, que tendo falecido no logar Bôa Saude, deste distrito, sua mulher Catharina Ferreira de França no dia 18 de junho, deste anno; requer que vos digneis marcar dia hora e logar para o suppe prestar o compromisso de inventariante como cabeça de casal...” Como demais herdeiros constam as seguintes pessoas: Anna Ferreira de França, com l3 anos; Maria Ferreira de França, com 12 anos; Joaquim Ferreira de França com 10 anos; João Ferreira de França com 8 anos; José Ferreira de França com 6 anos e, Manoel Ferreira de França com 5 anos.

Os Nunes, que residiam nas imediações onde atualmente se localiza o estabelecimento comercial e a residência de Alfredo Gomes da Costa. Foram citados como descendentes dessa família: Izabel Nunes, José Nunes, conhecido como Zé Zumba e Baltazar.
Além da Data do Lerdo, da Data de San Matheos e da localidade de Cacimba de Baixo, às quais nos referimos, outras datas e lugares mais antigos do território do Município de Boa Saúde, de que se tem notícias, são:

Oiticica, onde atualmente esta localizada a Fazenda Braz, que teria pertencido a Luiz Francisco da Costa, conhecido como Luiz Cachoeira, casado com Maria Joaquina da Costa. Como descendentes do casal foram citados: Francisca Maria da Costa, casada com Antônio Constantino de Oliveira e Severina Francisca da Silva, casada com Miguel Vicente da Silva, conhecido como Miguel Rosa. 

Xique Xique, que teria pertencido a Joaquim Francisco da Costa, também conhecido por Joaquim Cachoeira, pai adotivo de José Joaquim da Costa, conhecido como Zezinho Cachoeira. Outros moradores mais antigos de Xique Xique foram: Vicente Rodrigues do Nascimento, casado com Izabel Maria dos Prazeres, falecida em 03/08/1896, cujos filhos são: Maria Rodrigues do Nascimento, Raymundo Rodrigues do Nascimento, Francisco Rodrigues do Nascimento, José Rodrigues do Nascimento, João Rodrigues do Nascimento, Zacharias Rodrigues do Nascimento e Abdias Rodrigues do Nascimento. Além destes, em Xique Xique residiram, também, Joaquim Barbosa dos Santos, casado com Luiza Barbosa dos Santos, e Francisco Gomes de Lemos, casado com Maria Francelina de Lemos. 

Boqueirão, que teria pertencido a Manoel Francisco da Costa, mais conhecido como Manoel Cachoeira, conforme documento do Cartório de São José de Mipibu, datado de 22/12/1923. Trata-se do inventário dos bens de sua esposa Joanna Francisca da Costa, que faleceu no dia 18/12/1918, deixando como herdeiros, além do viúvo, os seguintes filhos: João Francisco da Costa, com 28 anos; Aprígio Francisco da Costa, com 27 anos; Maria Francisca da Costa, com 26 anos; Cícero Francisco da Costa, com 25 anos; Francisca da Costa, com 24 anos; Manoel Francisco da Costa, com 23 anos; Elvira Francisca da Costa, com 22 anos; Herondina Francisca da Costa, com 21 anos; Antonio Francisco da Costa, com 15 anos; Oliveira Francisco da Costa, com 14 anos; Adauto Francisco da Costa, com 13 anos; Helena da Costa, com 11 anos; Carmozina da Costa, com 10 anos e, José da Costa com 7 anos. No que diz respeito aos bens deixados como herança, o documento faz referência a “Uma parte de terra de arisco, várzea e catinga na margem do Rio Trahiry pro-indiviza na data de Trahiry e Boqueirão, havida por herança de seu sogro Francisco Ferreira de França, limitando-se pelo Nascente com José Fernandes, pelo Sul contesta com os Pinheiros, pelo Norte com os Freitas, e Puente com Manoel do Ó...”.

Diamantina, que teria pertencido a Alexandre Francisco da Costa, ou Alexandre Cachoeira, como era conhecido.
- Boa Esperança, onde residiu Anna Pinto de Melo, falecida em 1877, casada em segundas núpcias com Sebastião Pinto de Mello, deixando como filhos do casal: Maria Pinto, Josefa Pinto, Joaquim Pinto e Rosa Pinto. Do primeiro casamento, os herdeiros são: Josefa, com 30 anos de idade, casada com Joaquim Marques de Oliveira; Francisca, com 20 anos; Manoel Pacheco, com 18 anos; Guilhermina com 17 anos, casada com Antonio Reinaldo. Consta do inventário, datado de 25/09/1877, uma parte de terra no lugar Boa Esperança, Data do Trairi.

Tanque do Meio, pertencente a Pedro Francisco da Costa, Pedro Cachoeira.

Poço Comprido, que teria pertencido a Francisco Ferreira, casado com Izidora Cachoeira, pais de Faustino Ferreira. Outro proprietário de terra, dos mais antigos de Poço Comprido, foi Manoel Bezerra da Silva, conhecido como Manoel Catingueira, casado com Josefa da Silva.

Data das Almas, que teria pertencido a Francisco Cachoeira e onde existe o atual povoado de Guarani. Documento do Cartório de São José de Mipibu, datado de04/09/1925, faz referências a Francisca Maria dos Santos, falecida em 1904 e seu esposo José Silvério dos Santos, falecido em 1924, na localidade de Gatos, deixando como filhos: João Silvério dos Santos, com 32 anos de idade; Francisco Silvério dos Santos, com 22; Antonio Silvério dos Santos, com 25 anos e Maria Silvério dos Santos, na época falecida, deixando como filho Cícero Silvério dos Santos com 3 anos de idade. Entre os bens deixados pelo casal, no inventário consta uma parte de terra no sítio denominado de “Braz”, que Francisca Maria dos Santos havia herdado de sua mãe, Maria Leonídia de Jesus. Datado de 21/09/1914, no inventário de José Lucas da Cruz e sua esposa, que residiram nos Gatos e faleceram pelo ano de 1911, e que teve como inventariante Felix Lucas da Cruz, encontramos o registro de que foi deixado para os herdeiros, entre outros bens “... uma parte de terras indivizas, no logar “Gatos” deste termo, onde se acha a Casa de Morada onde morreu o Inventariado, Data das Almas, com quatrocentas braças de largura e meia legua de comprimento, ou de fundo, limitando: ao Sul, com o rio Trahiry, ao Norte, com a data dos herdeiros do defunto Nicacio e os Cachoeiras; ao Nascente, rio abaixo, com as terras de Antonio Joaquim e, ao Poente, com terras de Rodopiano de Azevedo e herdeiros de Vallentim que foi avaliada pelos avaliadores em quatro centos e cincoenta mil reis”.
- Capivara, que em 1909 pertencia a Joaquim Carlos da Silva, em 1913 passou a pertencer a Antônio Ferreira da Silva e, depois, a Francisco Antonio de Jesus;


Vaquinha, que pertencia a Joaquim Carlos da Silva e sua esposa Josefa Bellisa da Silva em 1912 e, depois, passou a pertencer a Francisco Antonio de Jesus e seus filhos: João Francisco da Silva, Manoel Francisco da Silva, José Francisco da Silva, Luiz Francisco da Silva, Sebastião Francisco da Silva, José Francisco da Silva (2º), Manoel Francisco da Silva (2º), Antonio Francisco da Silva e Manoel Jorge da Silva.

Páginas 26 a 31

O texto foi extraído do livro Boa Saúde: Origem e história escrito por José Alai e Maria de Deus. Algumas imagens são dos blogs que José Alai mantinha. O objetivo dessa postagem é tão somente conservar nossa história.
BOA SAÚDE, 66 anos

BOA SAÚDE, 66 anos

Hoje, 11 de dezembro, nossa cidade completa 66 anos de emancipação política.

São 66 de muita história mais tantos outros anos de mais histórias ainda. Como um povo que não tem história é um povo que não tem raiz, deixamos aqui a sugestão de leitura do livro Boa Saúde: Origem e História, de José Alai e Maria de Deus.

Nosso blog publicou todo o livro (com autorização do autor) com muitas fotos. Vale a pena conferir. Clique AQUI.
NOSSA HISTÓRIA - Considerações finais

NOSSA HISTÓRIA - Considerações finais

Considerações finais do livro Boa Saúde - Origem e história


Com este livro esperamos contribuir para que os habitantes e, principalmente, as gerações do hoje e do futuro, do Município de Boa Saúde, conheçam melhor as suas origens, a sua história e participem da vida do município, de maneira mais consciente, contribuindo para o seu desenvolvimento.

Livro Boa Saúde, Origem e história
Durante o trabalho de pesquisa, mantivemos um contato mais direto e permanente com as pessoas, contatamos com as autoridades do município, consultamos documentos, visitamos instituições e lugares de interesse para o trabalho que nos propomos realizar. Tudo isso nos possibilitou um maior conhecimento da história do município, permitindo-nos trazer para o presente um passado que vinha se apagando da memória dos moradores mais antigos e das páginas de alguns documentos, envelhecidos pela ação do tempo.

Escrever este livro não foi tarefa fácil. Não teríamos atingido nosso objetivo sema nossa obstinação, sem a colaboração do poder público e a participação de muitas pessoas que, pacientemente nos receberam, ofereceram o seu saber e nos deram incentivo e apoio.

Agradecemos mais uma vez que, direta ou indiretamente, colaboraram para que alcançássemos o nosso objetivo. Concluímos fazendo algumas considerações e oferecendo sugestões, no sentido de contribuir para um maior conhecimento e oferecendo sugestões, no sentido de contribuir para um maior conhecimento da história do Município, a preservação do seu patrimônio e o resgate das suas tradições e manifestações culturais:

A memória de pessoas ligadas aos diversos setores de atividades e que fazem parte da história de Boa Saúde vem sendo preservada pelo poder municipal, como nomes de ruas, praças, prédios públicos e instituições. Neste sentido, sugerimos, principalmente, aos senhores vereadores, que sejam lembradas e incluídas outras pessoas que também merecem receber esse tipo de homenagem. Quanto às denominações de lugares como Xique-Xique I e Xique-Xique II, ao invés de algarismos romanos, poderiam ser distinguidas por sobrenomes de famílias mais antigas e representativas das comunidades.

Os poucos prédios antigos existentes no município, de propriedade privada ou pertencentes ao poder público precisam ser preservados e bem conservados. Eles constituem um patrimônio histórico que tem muito haver com o passado do município, a exemplo dos antigos prédios da Prefeitura e da Câmara Municipal, que, uma vez restaurados, poderão servir com o locais para instituições ligadas a cultura.

As tradições, o folclore e o artesanato precisam ser resgatados e valorizados como manifestações da cultura do povo, na nossa opinião, a partir da escola, com o incentivo do poder público e o apoio da comunidade, favorecendo o ressurgimento de folguedos populares como: o João Redondo e o boi-de-reis.

A festa da padroeira, realizada todos os anos, nos dias 01 e 02 de fevereiro, é a principal e mais antiga tradição do município, constituindo um dos eventos de grande religiosidade popular na Região do Trairí. Como tal, merece ser prestigiada por todos os setores da sociedade, inclusive o poder público, como um acontecimento capaz de mobilizar a população da cidade e dos sítios em torno de valores como: solidariedade, participação e integração comunitária.

O conteúdo do ensino de História nas escolas públicas pouco possibilita o conhecimento da história dos municípios. Esperamos que, a partir da edição deste livro, esta lacuna seja preenchida no currículo das escolas de Boa Saúde, suscitando, na juventude, um maior sentimento de amor a sua terra.

Nosso objetivo foi alcançado, mas não nos daremos por satisfeitos se o destino deste livro for a prateleira de uma estante. Nosso desejo é que cada exemplar passe de mão em mão, seja lido e assimilado por pessoas de todas as idades, principalmente pelas mais jovens, incentivando o debate e o estudo sobre a história do Município.

Concluímos o conteúdo deste livro, mas não esgotamos nem damos por encerrado o assunto. Certamente, ainda há muito o que pesquisar, conhecer, complementar e assim aumentar em cada um e em todos nós, o sentimento de amor à terra em que nascemos ou escolhemos para nela viver.

Boa Saúde, 06 de outubro de 2000
José Ali de Souza
Maria de Deus Souza de Araújo

Página 183

O texto foi extraído do livro Boa Saúde: Origem e história escrito por José Alai e Maria de Deus. Algumas imagens são dos blogs que José Alai mantinha. O objetivo dessa postagem é tão somente conservar nossa história.